domingo, outubro 26, 2003

"Eu tenho. Você não. Você se dá conta da diferença marcante, que mesmo assim lhe soa estranhamente familiar. Você me arremeda. Seu ouvido recorda os ecos de uma personagem caricatural, ou repete o maneirismo da conversa de seus serviçais, ou reage ao incômodo do bate-papo entre garçons e cozinheiros de um restaurante." Dr. Pinto, que é Nordestino, não gosta de ser chamado de 'nortista' e na sua coluna, fala sobre sotaques e preconceitos. "A distância do lugar onde nasci e cresci me alteraram a maneira de falar, que de resto havia sido inapelavelmente mexida no que cruzei o Brasil de cima a baixo e além. Como resultado, chio alguns esses finais, palatalizo alguns ditongos." Ótimo texto, leiam aqui: Tiques e sotaques. Me identifiquei completamente. E ainda tem o texto da Maria Helena Nóvoa: "Os problemas sempre começam com o meu tédio. Não é um tédio existencial, longe disso, a existência não me angustia, nem a minha nem a alheia, não acordo perguntando para o espelho por que existe o ser e não o nada e não sofro de náusea. É mais o cansaço da reprise, a eterna sensação de dejá vu..."

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