terça-feira, outubro 07, 2003

Correspondência
Querido C. M,
Estou aqui olhando para um recorte de jornal. Uma coluna com o título:"Grandes Dúvidas Movidas por um elogio rápido a Oswaldo Montenegro". Guardei porque achei legal o que vc escreveu e pensei em te mandar um mail, mas só agora o faço. Fico lembrando dos corredores do setor V, das nossas "aulas" no Mariu's, do Fórum, das vernissagens na Aliança Francesa, do Chernobyl, dos livros lidos com Terciana, do Cebola Faz Chorar... e quase choro.
"Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?"
Não, hoje não é do jeito que achei que seria. Mas sua pergunta tinha a ver com o El Chaco e acabei não mencionando-o até agora. Como meu irmão era amigo de H. e A, lembro de quando eles começaram o bar. A compra de um aparelho de som em que A. aproveitou para trazer junto um disco de Iggy Pop. Pergunta se ele lembra disso. Eu levando discos pra tocar lá. Uma noite em que fui garçonete e quase teve uma confusão com o pessoal do Raro Sabor e quase vendo o sol nascer, enquanto fechavámos o bar. Shows do General Lee e Florbela. A luta pra conseguir comer uma saltena... A chuva lá fora e todo mundo se abrigando dentro do bar lotado, enfumaçado... Ulli correndo para pegar o ônibus, os quadros malucos de A. e aquelas caixas de ovos nas paredes por causa dos vizinhos...Uma vez, B. colocou uma tela lá para que todo mundo pintasse, lembra? Tirei fotos, inclusive Alumão ainda com cabelo. Não sei onde estão.
Naquela época, eu estava tentando terminar o curso de Jornalismo, pensava em trabalhar em alguma FM, até fiz um "estágio" que não deu em nada. Jornalismo sério nunca foi o meu forte. E hoje, 12 anos depois de formada, nunca trabalhei como jornalista, virei dona de casa e mãe. Porque assim o quis. É isso. Olhando para trás, bate uma saudade daqueles tempos irresponsáveis onde qualquer encontro de amigos era motivo para festa. Um grande abraço:

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