domingo, outubro 30, 2011

outra vez

Dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas.

Eu quero pouco e quero mais

"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."´Atribuído à Caio Fernando Abreu

segunda-feira, outubro 17, 2011

Caio Fernando Abreu

Porque o que ele escrevia, ressoa em mim...
Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em vc.
Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança.
Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você.
Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana.
Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então.
“II y a toujours quelque chose d’ambient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta).
Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas.
Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros.
De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento.
Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa.
Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro.
Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.. . .
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

domingo, outubro 16, 2011

If I was yours but I'm not

Final de semana chuvoso e eu sem muita disposição, acometida de uma amigdalite. O que parecia ser uma gripe, depois uma sinusite e em seguida, um problema de garganta. O corpo é frágil. Sinto uma incômoda dor nas pernas, sem razão de ser. Não andei de bicicleta, ou na esteira, só uma simples volta no quarteirão, com Luke, pela manhã.
Como disse Woody Allen, "não há nada de bom em envelhecer. Você simplesmente deteriora e morre."
Primeiro dia do nefasto horário de verão e mais uma vez o corpo tem que se acostumar com as mudanças. Não que faça uma grande diferença para mim.
Estava aqui pensando sobre a solidão, as horas inquietas antes de adormecer...
No sinal fechado vejo um casal já de certa idade atravessando a rua abraçados dividindo um guarda-chuva. Lembro-me de J me perguntando se um dia chegaríamos nessa fase ainda juntos. O tempo provou que não. E outra vez a consciência me pesa quando me pego pensando em M, o que tem se tornado um hábito difícil de largar. Sem expectativas, no future and still I got involved. Addicted to the sensations of being desired. Ok, I get obsessed sometimes, but it's like waves. When it reaches the higher pick, then I have to let it go, because it gets too intense and I can't handle. We keep teasing each other even knowing it's wrong. But why is wrong? If we feel good about it, we are not hurting anyone, are we? Maybe... you know, someone always gets hurt. But it's life, if you walk on the rain expect to get wet. So wise! I don't know what I'm talking anymore, maybe I should go to bed.
I miss you and I don't want to wait.