sexta-feira, junho 03, 2005
O enigma de James Dean
Por Ricardo Calil
02.06.2005 | "Quando se lembra James Dean, uma questão sempre vem à tona: ele se tornou um mito porque era um grande ator ou por uma combinação de estilo de vida e morte precoce?
As respostas sempre foram divididas. Humphrey Bogart, por exemplo, declarou: “Foi bom que ele morreu jovem. Se continuasse vivo, não seria capaz de justificar a publicidade em torno de seu nome”. O cineasta Elia Kazan parecia concordar com Bogart, ao dizer que Dean não conseguiria manter a qualidade de seu trabalho por ser um ator instintivo, ao contrário de Marlon Brando, mais técnico.
Possivelmente a verdade está no meio do caminho. Mas a morte de Dean com apenas 24 anos, em um acidente de carro no ano de 1955, impediu uma resposta defintiva. Por causa dela, Dean nunca precisou passar pela prova do filme ruim – o que o transforma em um caso raro entre atores de qualquer parte do mundo. Com apenas três papéis de destaque, ele participou de uma obra-prima (“Vidas Amargas”, de Elia Kazan), um marco cultural (“Juventude Transviada”, de Nicholas Ray) e um filme decente (“Assim Caminha a Humanidade”, de George Stevens).
Esses três filmes compõem a bela “Coleção James Dean”, que a Warner lança agora em seis DVDs. “Assim Caminha a Humanidade” vem em edição especial de três discos, “Juventude Tranviada” em dois, e “Vidas Amargas” (inédito em DVD) em um. Cada filme é acompanhado por um farto material de extras, que incluem documentários sobre o ator, cenas de bastidores, testes para os papéis e seqüências cortadas, entre outros destaques.
Em “Vidas Amargas” (1955), parábola sobre a história de Caim e Abel baseada em livro de John Steinbeck, Dean interpreta o inquieto Cal Trask, que disputa com seu exemplar irmão Aron (Richard Davalos) o carinho e a atenção do pai, mas sempre fracassa. É o primeiro personagem de destaque de Dean e também sua melhor interpretação, o que pode ser em parte creditado ao genial Elia Kazan, talvez o melhor diretor de atores da história. No papel de um Caim do século 20, já ficam claros alguns dos traços de seu estilo: a aparência frágil, o espírito indômito, o discurso hesitante.
Em “Assim Caminha a Humanidade” (1956), seu último filme, o estilo de Dean já se aproxima perigosamente do maneirismo, em que a repetição de certos tiques físicos não dá conta do universo interior do personagem. No papel de Jett Rink, ele luta contra Bick (Rock Hudson) pelo amor de Leslie (Elizabeth Taylor), ao mesmo tempo que tenta encontrar petróleo no Texas.
“Assim Caminha a Humanidade” traz indícios preocupantes do que poderia ser a carreira de Dean nas mãos de diretores menos brilhantes. Mas ele morreria apenas duas semanas após o final das filmagens, antes de dar uma resposta para seu enigma. Ainda que não seja de suas interpretações mais inspiradas, ela foi indicada ao Oscar postumamente. Aí o mito já havia se tornado maior que o ator."
Difícil saber. Para mim, o melhor filme dele foi "Vidas Amargas". Ainda lembro a primeira vez que vi, numa dessas sessôes corujas da vida, papai ainda era vivo e assistimos juntos. Tive que disfarçar o choro...
E não importa se James Dean era gay ou não.
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