Sobre Lost _ Lúcio Ribeiro
A série tem o nome "Lost" e é sobre um grupo de pessoas abandonadas pelo destino numa ilha no Pacífico. Mas não se engane: o "lost" do título, o perdido, é o telespectador.
Ganha estréia de gala amanhã com duas horas de exibição e transmissão simultânea em dois canais da TV paga o seriado-bomba "Lost", que desde setembro do ano passado tem feito cerca de 20 milhões de americanos roerem a unha semanalmente.
"Lost" vai ao ar pela primeira vez no Sony e em seu canal de ação, o AXN, às 20h. Depois, segue pregando seus seguidores na poltrona somente no AXN, às segundas, sempre às 21h.
Filmada inteiramente no Havaí, a série foi criada, produzida e algumas vezes dirigida por J.J. Abrams, o realizador de "Alias". O espetáculo visual de "Lost" tem assinatura do colombiano Carlos Barbosa, festejado diretor de arte que fez seu nome construindo os cenários de "24 Horas" e "CSI: Miami", entre outras.
Grosso modo, "Lost" conta a saga de 48 pessoas que acabaram de sobreviver a um trágico acidente de avião, mas agora têm que enfrentar os mistérios de uma ilha sinistra. Uma forte turbulência tirou o Boeing de sua rota, atirou-o despedaçado à ilha e deixou os vivos incomunicáveis e desamparados. Não demora muito, todo mundo percebe (personagens e telespectadores) que o desastre de avião é "o de menos". A tal ilha, o mar lindo, as cachoeiras, a pinta de paraíso, tudo isso logo vai se transformar num sinistro cenário de "Além da Imaginação".
Imagine reunir os personagens de Mulder e Scully (pela proximidade com o bizarro), de "Arquivo X", alguns de "Twin Peaks" (pelo passado misterioso e suspeito), o visual de "Náufrago", algumas tensões sexuais. Isso é "Lost".
Dos 48 que sobreviveram à queda do avião, apavorantemente bem mostrada no episódio duplo de estréia, um núcleo de uns 12 personagens vai ser perseguido pelas câmeras deste verdadeiro "unreality show". E aí o melhor e o pior do ser humano vai aflorar.
O personagem principal é Jack (Matthew Fox, o irmão mais velho de "O Quinteto"), o médico que vai liderar primeiro o socorro imediato às vitimas do avião, depois a luta pela sobrevivência até que apareça ajuda. Se é que vai haver alguma.
Enquanto não há, os que restaram vivos vão enfrentar dois fantasmas: o do passado, hum, complicado, quando são mostrados os acontecimentos mal resolvidos que acompanharam cada um até a fila de embarque do fatídico avião; e o do futuro, hum, sinistro, por tudo o que a ilha estranha tem a oferecer.
"Lost" é viciante. Para cada mistério resolvido, outros dois aparecem para embaralhar a cabeça dos que acompanham o seriado.
Tanto que parte da platéia americana vai em disparada à internet assim que um episódio de "Lost" acaba. A correria é para especular quais das inúmeras "teorias" sobre o que está acontecendo na ilha podem ser verdadeiras. No melhor estilo "O Código Da Vinci".
Se fossem publicar um livro na linha "Decifrando "Lost'", algumas das "soluções" a serem colocadas em perspectiva seriam:
* todos morreram no acidente de avião, menos o médico Jack, e tudo o que acontece depois é delírio dele;
* ninguém sobreviveu ao acidente, e estão todos no Purgatório enfrentando o carma;
* os 48 vivos fazem parte de um experimento do governo para testar a sobrevivência humana (L.O.S.T. = Life Observation Survival Test);
* "Lost" é uma versão moderna de "A Ilha do Dr. Moreau" e o lugar é uma espécie de laboratório gigante para experimentos de cientistas;
ou estão todos dormindo no avião e sonhando.
"Lost" passa em TV aberta nos EUA (ABC) e atingiu o status de série mais vista na estréia, em horário nobre, nos últimos cinco anos. Mas não deve ter sido bem recebida pelas companhias aéreas americanas. Não é fácil mesmo embarcar depois de assistir a seus primeiros episódios.
E, não! Ainda não há resposta para o dinossauro e o urso polar que aparecem na ilha paradisíaca.
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