sexta-feira, março 26, 2004

Eu li o texto abaixo, aqui nesse blog: a menina do didentro e achei tão a minha cara que resolvi dar um copy & paste:
"tem esses amigos que acham que são ainda, mas na verdade eles foram há muitos e muitos anos e não têm nenhuma quase esperança de renovação e continuidade. É muito triste, porque eles se encontram em intervalos de um ou dois anos e, não sei quanto aos outros, só sei de mim, o entusiasmo é um tanto quanto fingido, porque eu sou poetisa e finjo sentir a dor que deveras sinto.
Tenho cá pra mim que seria tão melhor ficar com as lembranças, tão amigos que éramos todos, tantas cervejinhas que tomávamos e piriri-piriri, mas a gente insiste na coisa toda e, não espalhe, mas eu acho que é tudo muito burocrático. Talvez se nos encontrássemos mais, talvez se não nos encontrássemos todos ao mesmo tempo. Talvez se não nos víssemos.
Mas acho que realmente não dá pra considerar um amigo uma pessoa que não só não sabia as coisas mais importantes da vida, essas coisas que a gente conta quando não viu fulano por muito tempo: casei, tenho uma cã, sou dona-de-casa, mas também todas as cousinhas: ontem levantei tarde, quarta é meu dia preferido pra ir ao cinema e eu só gosto mesmo é de Paçoca Amor. Porque eu acho e repito que as pessoas são amigas é pelas insignificâncias, é pelos detalhes e pela longas narrativas, e não pelos resumos em tópicos. Dos meus amigos eu gosto de saber das coisinhas miúdas, eu quero não só saber que elas se tornaram o que são, mas quero entender as razões.
Daí que eu não sei se é triste ou se é só coisa da vida e que eu estou ficando tão velha e amarga, mas as pessoas, quase todas, que estiveram aqui num suposto reencontro de amigos, não eram amigas umas das outras, embora um dia tivessem sido. E eu não sei se vale realmente o esforço, ou se era melhor deixar tudo pra lá e lembrar de como era bom. Mas sozinho, cada um lembrando por si e rindo sozinho, porque isso também é de uma tristeza tão grande, as pessoas se encontrarem e não haver nada de novo, só o velho, o velho, o passado, o que foi, tudo um bolor de tão antigo."
A Menina do Didentro falou às 02:13 PM Março 22,2004

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