sexta-feira, novembro 25, 2005

Pitchfork Review

The Flaming Lips
Yoshimi Battles The Pink Robots
I think it's safe to say that the Flaming Lips' Wayne Coyne is a genius, equal parts Thomas Edison and P.T. Barnum. Like Edison, Coyne is a relentless tinkerer, a visionary experimenteur with a sci-fi fetish and a soft spot for odd technologies. And like Barnum, Coyne is a consummate showman-- the hand puppets, the boombox orchestras, the oddball short films, the radio-controlled headphones. In 1984, Coyne was just another Oklahoma dreamer with an amateurish psych-rock garage band and a duffel bag stuffed with thrift-store effects pedals; 18 years later, Coyne finds himself in the position of following up one of the most universally regarded albums since Pet Sounds.
The album gets off to a rollicking start with the winning "Fight Test," a glossy rumination on the call to duty-- whether that's standing up to a playground bully or, as the Lips would have it, an army of rebellious androids bent on world domination. "If it's not now, then tell me when would be the time that you would stand up and be a man?" Coyne sings over a thick buzz of keyboards, bass and an almost hip-hop rhythm, offsetting his resolve in the refrain: "I don't know how a man decides what's right for his own life/ It's all a mystery." It's a stunning pop song-- easily this album's "Waitin' for a Superman"-- with an intensely memorable melody and the conflict of Coyne's internal dialogue resonating positively on many levels.
Yoshimi shines again with the superior "Ego Tripping at the Gates of Hell," which pits more existential lyrics over a far more satisfying collage of sounds (vocal samples, snippets of mellotron, a lumbering bass). "I was waiting on a moment, but the moment never came," croons Coyne, echoing the issues of readiness and bravery "Fight Test" raised, but also betraying Yoshimi's greatest weakness: the moment never comes.
The closest the Lips do come is on the divine "Are You a Hypnotist?," if only for the brief return of some actual drums (brilliantly tracked to create some glitchy, idiosyncratic fills impossible to play in real life). Coyne indulges in wordplay such as, "I have forgiven you for tricking me again/ But I have been tricked again/ Into forgiving you," as the song builds to a distorted swell of fuzzy static and some otherworldly choir.
"Do You Realize" buzzes and clangs with overproduction, as Coyne breezes through a list of trite observations like, "Do you realize that everyone you know someday will die?" and, "Let them know you realize that life goes fast/ It's hard to make the good things last."

quarta-feira, novembro 16, 2005

Rock freak

Por Leandro Fortino - da Folha
Letras inspiradas na natureza e na coletividade pintam com cores psicodélicas o som de algumas bandas da atualidade.Comunhão com a natureza e colaboração com a coletividade são ordens a serem seguidas. Esse espírito hippie típico dos anos 60 ainda impera, pelo menos na temática, na atitude e no comportamento adotados por algumas das bandas de rock dos dias de hoje.
No topo da lista do que poderia ser denominado "rock freak" está a veterana Flaming Lips (leia entrevista ao lado), atração mais surpreendente do festival Claro que É Rock, que acontece no dia 26, em São Paulo, e, no dia seguinte, no Rio.
Outras bandas desse, digamos, "movimento" fizeram shows no Brasil recentemente: a canadense Arcade Fire, que mostrou no palco uma verdadeira festa (em que o clima de companheirismo imperou entre os integrantes que, entre si, trocavam de instrumentos o tempo todo), e a americana Mercury Rev, liderada pelo guitarrista e vocalista Jonathan Donahue, que foi da formação do Flaming Lips nos anos 90 e que incorporou a natureza ao rock viajandão.
A Inglaterra é representada pelo quarteto The Magic Numbers, formado por dois casais de irmãos. Eles lembram muito (mesmo) o grupo Mamas & the Papas, mas o som traz um forte espírito folk, que também é muito relacionado à cultura hippie.
A vida em comunidade também remete aos anos 60, e o grupo de Nova York Clap your Hands Say Yeah se beneficia disso.
Foi por meio de comunidades na internet que a banda ganhou projeção internacional com um som que lembra o Talking Heads, um dos grupos mais imitados pela nova música americana e que também serviu de inspiração para outra banda de "rock freak", o Modest Mouse. "Boas notícias para quem ama más notícias" é o nome do melhor disco deles. Mais freak, impossível.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Medo

Rio: cidade entregue à própria sorte
Por Cora Rónai
Sábado à tarde. Almoço com um grupo de amigos queridos, jornalistas em sua maioria, numa das residências mais simpáticas e hospitaleiras do Leblon. Antes da sobremesa, a filha da dona da casa informa, em tom casual:
— Pessoal, o túnel está fechado, se alguém de São Conrado ou Barra quiser dormir aqui, não tem problema, a gente se ajeita.
— Fechado, é? Por quê?
— Tiroteio.
— Ah, para variar...
Comunicado e convite foram aceitos com absoluta naturalidade, felizmente ninguém era de São Conrado ou da Barra e a conversa voltou ao tópico anterior.
Na segunda à noite fui jantar com uma amiga que mora na Gávea, numa casa projetada por Lúcio Costa, cercada de árvores, pássaros e miquinhos, e com uma das vistas mais espetaculares do Rio. Um pequeno paraíso de alvenaria e natureza, em proporções perfeitas; mas minha linda amiga estava exausta.
— O problema é que não consegui pregar o olho a noite inteira. O barulho do tiroteio estava insuportável. Tinha uma metralhadora que parecia estar dentro do meu quarto.

Há algum tempo, um amigo que mora na Barão da Torre me ligou de tarde. Tínhamos combinado cinema no Estação Ipanema.
— Olha, acho que não vai dar para chegarmos a tempo.
— Ué, por quê?
— Você não está ouvindo o tiroteio da tua casa?
Ele levou o telefone para a janela. Parecia queima de fogos de Ano Novo. Mas, como moro atrás do Cantagalo, o paredão de pedra que dá para a Lagoa isola o barulho. Desistimos: quando tem tiroteio, engarrafa tudo. Assim que ele desligou, aliás, um segundo amigo que estava passando pela área me ligou do carro:
— Olha, se você tiver que sair de casa e pegar a Barão da Torre, esquece, porque está tendo um tiroteio e ficou tudo engarrafado.
Na cobertura do Gravatá, na Praça General Osório, que realmente fica pertíssimo do Cantagalo, os tiroteios são, freqüentemente, a trilha sonora da conversa.

Mamãe mora num apartamentinho antigo e aconchegante na Barão de Macaúbas. Esta é uma pequena rua de Botafogo, muito arborizada, cheia de prédios baixos e amáveis, e que sai de uma praça na São Clemente. A rua vive fechada pelas balizas que os meninos da vizinhança improvisam com pedras ou tocos para jogar futebol. Seria um oásis urbano se não fosse, por acaso, um dos acessos para o Dona Marta. Às vezes, a coisa fica feia. Mas o apartamento da Mamãe está, felizmente, fora da linha de tiro, de modo que a gente não chega a se preocupar muito.