Assim falou Martha Medeiros:
Seja através de clichês cinematográficos ou de prosa da mais alta qualidade, a verdade universal é que só o amor nos humaniza de fato. Pode-se gostar ou não desta idéia, ela pode ser claustrofóbica para uns e libertária para outros, mas o mundo dá voltas e voltas e chega sempre neste ponto, o de que o amor é mais importante que o dinheiro, que o sexo, que a beleza, ainda que tudo isso seja ótimo também. Mesmo com uma vida recheada de acontecimentos, se estivermos ocos, não veremos muita graça em nada. Poderemos até parecer independentes, inteligentes, modernos, sofisticados... mas só o amor responde às nossas indagações — indagações que podem também ser divertidas, inspiradoras... mas ainda irrespondíveis sem amor. Sem amor, neca. Sem amor, babaus. Sem amor, o resto é consolo.
Vale amor por um cachorro, por um projeto, por si mesmo? Prefiro acreditar que sim, que o amor sem conotação romântica também pode justificar uma existência, que ele pode tornar uma pessoa, senão plena, ao menos leve e alegre, sem necessidade de buscas intermináveis. Mas não é isso que nos dizem livros, filmes, músicas, poemas. Se não amamos alguém, é uma vida vivida sem integralidade. Pode até ser uma vida boa, mas não uma vida que valha a pena ser contada.
Diante desta sentença, fazer o quê: é ele que desejamos, é por ele que procuramos, é nele que queremos tropeçar, nem que seja aos 90 anos, nem que seja quando estivermos secos depois de fazer tanta burrada, nem que seja para durar três dias, nem que seja para nos fazer sofrer, nem que nos arrebentemos, como tantos se arrebentam em seu nome. Diz o personagem de García Márquez, torturado pelo amor: “Não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego”. Quem mais nos colocaria assim de joelhos? Sem amor, nos resta a paz. Porém uma paz sem gosto.
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